26/08/2021
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Alta foi de 1,24% em relação a junho, com espaço para emissão líquida de R$ 24,4 bilhões
Alta foi de 1,24% em relação a junho, com espaço para emissão líquida de R$ 24,4 bilhões
A Dívida Pública Federal encerrou julho em R$ 5,396 trilhões. Isso significa aumento de R$ 66 bilhões (1,24%) do estoque em relação ao mês anterior, que ficou em R$ 5,329 trilhões. Tal movimentação reflete a emissão líquida de quase R$ 24,4 bilhões e a apropriação positiva de juros de R$ 41,7 bilhões. Os números estão presentes no Relatório Mensal da Dívida de julho, divulgado nesta quarta-feira (25/08) pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). A divulgação foi realizada em entrevista coletiva virtual com a participação do coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Luis Felipe Vital; do coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Luiz Fernando Alves; e da coordenadora-geral de Controle e Pagamento da Dívida Pública, Márcia Tapajós.
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública disse que os números de julho foram bastante positivos, especialmente pelo fato de o mês ter sido marcado por maior volatilidade, dentro e fora do país. Ele explicou que houve, globalmente, dúvidas sobre a continuidade geral do crescimento econômico e incertezas geradas pelo avanço da variante delta da Covid-19. No cenário interno, expectativas quanto ao comportamento da inflação e desdobramento de questões relacionadas à trajetória fiscal impactaram os investidores. Um dos reflexos dessa maior insegurança, explicou Vital, foi o aumento da percepção de risco em relação aos países emergentes, com elevação da curva de juros locais. No caso do Brasil, o CDS de 5 anos (Credit Defaul Swap, um dos instrumentos que mede o risco dos países) subiu 7,16% em julho.
Sob o total da DPF, há parcelas da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), com 96% do total, e da Divída Pública Federal externa (DPFe), com os 4% restantes. A DPMFi terminou julho com estoque de R$ 5,155 trilhões, ou seja, alta de R$ 51,83 bilhões em relação ao final de junho. Já a DPFe encerrou julho em R$ 240,9 bilhões, elevação de R$ 14,2 bilhões em relação ao mês anterior. A equipe do Tesouro destacou que, considerando o total da DPF, houve redução da participação dos títulos prefixados (de 33,3% para 32,1%) enquanto foi registrado aumento dos títulos atrelados a índice de preços (27,1% para 27,6%) e dos títulos com taxa flutuante (35,1% para 35,7%).
Emissões
Mesmo sob maior volatilidade, julho foi um bom para as operações do Tesouro. No mês, as emissões da DPF corresponderam a R$ 142,44 bilhões, enquanto os resgates alcançaram R$ 118,08 bilhões, resultando em emissão líquida de R$ 24,37 bilhões. Desse total, parcela de R$ 16,14 bilhões refere-se à emissão líquida da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) e os demais R$ 8,23 bilhões, à emissão líquida da Dívida Pública Federal externa (DPFe).
Vital destacou que no mês passado houve emissão líquida de quase R$ 24,4 bilhões. “Pode parecer emissão pequena, em relação ao que tivemos nos meses anteriores, mas foi a primeira vez que tivemos emissão líquida em julho desde 2009”, destacou. Ele citou, ainda, que no acumulado do ano, o total de emissão líquida está em R$ 180 bilhões, com rolagem da dívida alcançando índice de quase 120%.
“Em 2020, tivemos R$ 906 bilhões de vencimentos da dívida. Este ano, somente até julho, já tivemos R$ 907 bilhões. Ou seja, o que já venceu este ano é mais que tivemos em 2020 inteiro e, ainda assim, estamos com emissão acumulada, apontou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública. Um dos destaques do mês foi que as taxas de emissão da DPMFi subiram ao longo de julho, mas de forma menos acentuada nos vencimentos mais longos.
A equipe do Tesouro ressaltou, ainda em relação aos resultados de julho, a emissão de um novo benchmark de 10 anos, o Global 2031, e a reabertura do atual benchmark de 30 anos, o Global 2050, ambos em dólares norte-americanos. Essa foi a primeira operação no mercado externo realizada este ano pela República. A liquidação financeira da operação ocorreu no dia 7 de julho de 2021. O novo bônus da República (Global 2031) foi emitido com volume de US$ 1,5 bilhão, com spread de 240,2 pontos-base acima da Treasury, o título do Tesouro norte-americano) de referência. A reabertura do Global 2050, por sua vez, foi realizada com volume de US$ 750 milhões e spread de 282,5 pontos-base acima da Treasury de referência.
Perfil
Entre os detentores da DPMFi, o grupo das instituições financeiras mantiveram a posição de principal participante, com 30,8% do total (ante 30,7% em junho). Em segundo lugar ficaram os fundos de investimento, com 24,2% (23,6% no mês anterior). O terceiro principal grupo é formado por fundos de Previdência, com 22,3% (23,0% em junho). Com 9,7%, os não residentes mantiveram a mesma fatia registrada em junho. Da mesma forma, os demais grupos ficaram inalterados na faixa de 13,0%.
Em relação ao perfil de vencimentos da DPF, o Tesouro ressaltou que houve aumento do prazo médio para 3,77 anos em julho, ante 3,73 anos, em junho. “Isso reflete a estratégia do Tesouro, privilegiando as emissões de papéis mais longos.”, explicou Vital. A parcela de títulos com vencimento superior a cinco anos é o maior desde agosto de 2020, apontou o coordenador. Ele lembrou que as emissões realizadas no mercado internacional ajudaram a alongar o perfil da dívida, jogando o prazo médio para cima.
O cenário de maior volatilidade pesou sobre o custo médio do estoque da DPF (considerando critério do acumulado em 12 meses), que subiu para 7,64% ao ano, em julho, ante 7,18% ao ano, em junho. O custo médio da DPMFi aumentou para 7,78% ao ano, em julho (havia sido de 7,66%, no mês anterior).
Futuro
A reserva de liquidez do país encerrou julho em R$ 1,160 trilhão. Isso representa uma redução, em termos nominais, de 0,61% em relação à marca de R$ 1,167 trilhão apurada em junho. Vital disse que a redução foi bastante pequena, podendo ser considerada como estabilidade. Lembrou, além disso, que o atual volume de reservas é suficiente para cobrir 9,6 meses de compromissos do Tesouro, ou seja, garante margem confortável para a administração da dívida pública. Fato importante é que apesar da ligeira retração, a reserva de liquidez em R$ 1,160 trilhão representa aumento de quase 134%, em termos nominais, em relação à reserva de R$ 496 bilhões que o país tinha em julho de 2020. “O colchão de liquidez dá bastante segurança ao Tesouro”, disse o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública.
Após divulgar os dados de julho, a equipe do Tesouro apresentou análise da conjuntura de mercado referente a agosto, mês que também está sendo marcado por incertezas e volatilidade. No cenário externo, otimismo foi limitado, diante de incertezas em relação à manutenção dos estímulos monetários pelo Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) e à variante delta da covid-19. Em relação ao Brasil, houve aumento da percepção de risco, aponta o Tesouro: o CDS de cinco anos subiu de 176 pontos-base, conforme verificado em junho, para 188 pontos-base, em agosto. Segundo explicou Vital, esse aumento da percepção de risco reflete incertezas do mercado provocadas pelo ciclo de aperto monetário e preocupações quanto à trajetória fiscal. “Temas que foram percebidos como risco por investidores, como a questão de precatórios e reformulação do programa social trazem preocupação aos investidores, e isso gera custos mais altos para o refinanciamento da dívida pública”, apontou Vital.
Tesouro Direto
Com vendas de R$ 2,46 bilhões e resgates de R$ 1,53 bilhão, o programa Tesouro Direto encerrou julho com emissão líquida de R$ 930 bilhões. O estoque do programa alcançou R$ 67,89 bilhões, alta de R$ 2,32% em relação a junho. Do total, os títulos indexados à inflação representam 54,82% do estoque do Tesouro Direto.
Com o ingresso de 454.524 investidores em julho, o Tesouro Direto alcançou um total de 11,95 milhões de cadastrados (aumento de 53,58% em 12 meses). O número de investidores ativos é de 1,60 milhão, alta de 20,57% em 12 meses.